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Cambagem: como é o procedimento polêmico que entorta o seu carro

A manutenção preventiva das rodas e pneus é fundamental para conservação dos itens, sendo feita através de procedimentos como geometria e balanceamento. Mas, se quando você estiver fazendo essas manutenções lhe oferecerem para fazer a cambagem no carro, muito cuidado! Saiba o que isso significa e o que deve realmente ser feito.

Antes de tudo, você precisa saber o que é geometria, balanceamento e cambagem no carro, para então entender a função e a necessidade de realização de cada. Enquanto que o alinhamento é feito para ajustar os ângulos das rodas do carro, fazendo com que elas fiquem retas em relação ao solo e paralelas entre si. O balanceamento, por sua vez, é a manutenção que faz com que as rodas girem sem vibrações.

O balanceamento é feito nas rodas do veículo, com máquinas específicas para isso, cuja função é impedir que a roda não oscile ou trema enquanto o carro está andando. Já o alinhamento é executado no conjunto de pneus e rodas. Ao balancear a roda, o profissional utiliza uma máquina especializada para balanceamento que identifica os pontos com desnível e peso em excesso.

Para realização desse procedimento são colocados pesos no interior e exterior da roda para contrabalancear o peso enquanto ela gira. Para realizar esses ajustes de alinhamento no carro, são utilizados três ângulos: camber, convergência/divergência e caster. Aqui que surge então a infame cambagem.

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Afinal o que é a cambagem no carro?

Antes de qualquer coisa precisamos explicar a origem da expressão: “camber” é um ângulo que as rodas possuem em relação ao eixo perpendicular ao solo, logo, “cambagem” é como se chamou o processo para ajustar este ângulo. A principal função do camber é compensar a flexão do eixo em suas extremidades quando o veículo recebe carga, mantendo o conjunto pneu/roda trabalhando na vertical, sem “empenar”.

O camber é um dos três ângulos principais medidos no alinhamento, conforme dito anteriormente. Os outros ângulos costumeiramente medidos são convergência e divergência (paralelismo horizontal entre as rodas) e o caster (inclinação do eixo vertical referente ao centro da roda).

O ângulo de câmber é um parâmetro importante para o comportamento dinâmico do carro, que está diretamente ligado à estabilidade em curva. É ele que define, em graus, o ângulo de inclinação das rodas em relação ao eixo imaginário vertical.

Não existe, no entanto, uma medida padrão, pois é uma especificação de cada modelo de veículo. Cada carro possui um ângulo ideal de “camber” e uma tolerância. Qualquer ângulo que esteja dentro desta faixa mantém as boas condições de dirigibilidade e estabilidade do veículo.

Quando o camber está fora de suas especificações de fábrica, o sintoma mais visível é o desgaste irregular nas laterais dos pneus. Nesses casos, o camber apresenta uma medida negativa ou positiva, dependendo da geometria da suspensão. Imagine um carro visto de frente. Se a parte superior da roda estiver virada “para fora”, o ângulo de camber é positivo. Se for na parte inferior, o ângulo é negativo.

Fatores como sobrecarga, condições (nivelamento) das estradas e acidentes podem prejudicar esta especificação de fábrica, além de comprometer a dirigibilidade do veículo e o desgaste dos pneus. Para ter o ângulo de camber alterado, é preciso de um impacto muito grande perpendicular com a roda, como uma colisão lateral, ou forçar a roda na guia ou pegar uma cratera no asfalto, daquelas que parecem acabar com a suspensão.

O desgaste dos pneus pode ser um sinal de que a cambagem no carro está irregular. Quando a cambagem está correta, o desgaste é uniforme. Se a parte interna está mais desgastada que a externa ou vice-versa, é possível que o carro tenha passado por alguma situação que modificou sua especificação de fábrica, prejudicando sua dirigibilidade. Por isso, as fabricantes de automóveis recomendam a verificação da cambagem junto com uma revisão completa a cada 10.000 km rodados.

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Fazer ou não fazer cambagem no carro, eis a questão

Como vimos, cambagem no carro é o nome dado ao procedimento de correção das medidas do câmber. Aí que começa o problema, uma vez que 98% dos carros não possuem sistema de regulagem do camber, nenhum parafuso para fazer qualquer tipo correção no ângulo.

Objetivamente, não há nenhuma norma da ABNT para o setor automobilístico que determine princípios ou mesmo cite a correção do camber. A norma NBR 14780, que trata da manutenção de sistemas de suspensão em veículos rodoviários automotores, somente menciona a necessidade de realização da geometria das rodas “segundo as especificações da fabricante do veículo”, como está no texto.

Há sim uma pequena porção de veículos que, excepcionalmente, possuem originalmente uma regulagem de camber na suspensão. Porém, são projetos definidos e desenvolvidos especificamente pela montadora, que não prejudicam o trabalho dos amortecedores. E, geralmente, estamos falando de modelos antigos como Opala, Chevette, Santana e Galaxie.

Assim, com exceção desses raros modelos que apresentam uma regulagem de camber de fábrica, para “corrigir” medidas negativas ou positivas, alguns profissionais, forma inapropriada, utilizam um cilindro hidráulico para, literalmente, desentortar o conjunto da torre, deixando as rodas na posição do ângulo especificado para aquele modelo.

Esse procedimento não é validado ou reconhecido por nenhuma autoridade no assunto, seja técnica ou científica. Ao contrário, especialistas na área condenam a tentativa de “desentortar” o carro, mexendo na suspensão, uma vez que compromete a elasticidade das peças, responsável por absorver as vibrações e solicitações do asfalto, podendo causar problemas piores, como a fragilização do sistema, causando acidentes.

Normalmente, o ângulo de camber incorreto é provocado por componentes desgastados da suspensão. Logo, o correto não é “mexer” na cambagem no carro, mas verificar todo sistema para corrigir uma inclinação incorreta no ângulo das rodas. Para isso, um profissional deve avaliar criteriosamente a suspensão do veículo a fim de encontrar a causa raiz do problema, que por vezes pode ser alguma peça de má qualidade, uma mola sem ação, uma bucha de bandeja saturada, folgas na suspensão, etc. Identificando e substituindo as peças avariadas que afetam o ângulo de camber para voltar ao alinhamento.

Não se iluda com a oferta da cambagem no carro, a princípio esse procedimento pode ser mais barato que trocar alguma peça ou mesmo todo sistema de suspensão, mas já diz o ditado, o barato às vezes sai caro… Consulte sempre profissionais credenciados, procure uma segunda opinião quando ficar em dúvida e só realize procedimentos regulatórios em seu carro.

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